Entrevista: Maria Lúcia Rodrigues fala sobre os 15 anos da Confraria Amigas do Vinho

No dia 2 de agosto de 2018, a Confraria Amigas do Vinho completa 15 anos de existência. No site da Confraria a descrição: “Reunimos mulheres incríveis através de eventos de degustação, para trocar ideias sobre empreendedorismo feminino e empoderamento. Somos mais de 10.000 mulheres em todo o Brasil.”  E à frente de todas essas mulheres está Maria Lúcia Rodrigues, idealizadora e presidente nacional desta confraria que hoje, além do Rio de Janeiro, conta com seções em Brasília, São Paulo e Paraná. Nessa entrevista a fundadora da Confraria Amigas do Vinho conta um pouco a história da organização bem como aborda a importância da mulher no cenário vitivinícola atual. Confira:

Blog – Como surgiu a ideia de fundar uma Confraria de Vinhos formada só por mulheres?

Na verdade, não houve a intenção de se criar a Confraria Amigas do Vinho. A proposta inicial era reunir algumas amigas para degustar vinhos. Mas a turma foi crescendo, crescendo…

 Blog – A Confraria foi fundada no Rio de Janeiro, mas já se expandiu para outros estados. Quais os locais do Brasil onde há a Confraria Amigas do Vinho?

Sim, a Sede da Confraria Amigas do Vinho é no Rio de Janeiro (no meu notebook). Mas através das redes sociais, outras mulheres solicitaram ter uma “Seção Estadual”, na sua respectiva cidade. Então, temos Seções em Brasília, São Paulo, Paraná e até o final teremos novas Seções Estaduais.

Amigas do Vinho – Seção DF, presidida por Rachel Alves

Blog – Como é presidir uma confraria de vinhos composta só de mulheres? Quais as facilidades e quais as dificuldades?

Sempre lidei com grupos femininos (Ass. das Secretárias, Empreendedorismo Feminino, Empoderamento Femino).

É simples porque a maioria das confreiras é também  mulheres que lidam no universo feminino. A comunicação autêntica e contínua facilita bastante a gestão das confrarias.

Blog – Qual o objetivo da confraria Amigas do Vinho e quais as exigências para tornar-se uma confreira?

O maior objetivo da nossa Confraria Amigas do Vinho é aproximar a mulher do universo do vinho, de forma lúdica e descontraída e também viabilizar o networking feminino. Não existe nenhuma exigência: basta gostar de vinhos e ser maior de 18 anos.

 Blog – Qual o perfil da mulher que participa da Confraria Amigas do Vinho?

Não existe um público específico. Desde que seja exercitado um convívio social e elegante.

Blog- É cada vez mais comum encontrar em um restaurante brasileiro um casal no qual a mulher está consumindo um vinho em taça e o homem, tomando cerveja ou outra bebida. O que você acha dessa realidade?

O que eu acho? Respeito o gosto individual e me sinto confortável nessas situações.

Algumas das Confreiras da Confraria Amigas do Vinho

Blog – Normalmente, os espumantes moscatéis e até os vinhos rosés são rotulados como “bebida de mulher”. O que você acha desse rótulo ou isso é realmente um fato?

Faz tempo que desbancamos esses “rótulos de mulher  frágil”. Algumas mulheres degustam charutos e optam por vinhos mais potentes. Inclusive, quando se trata de harmonização com o cardápio do restaurante, fica complicado harmonizar com “bebida de mulher” um bom rosbife.

Blog – A mulher hoje está “invadindo” o espaço que antes era só masculino, isto é, cada vez mais é possível encontrar mulheres atuando como sommeliers e também como enólogas. Como você vê essa realidade? Acha que a mulher ainda sofre preconceitos nesse meio?

Na verdade, não creio de que se trata de invasão. Mas sim, conquista. Afinal a população feminina brasileira é 51%. Portanto, é natural que nossas escolhas permeiem em cenários antes tido como “masculino”. Da mesma forma que os homens também conquistaram espaços “femininos”, como a gastronomia, alta-costura, magistério,  balet e outras artes. Não é uma questão de gênero e sim de tendência e competência de ambos os gêneros. Temos presidenta em vários países e também mulheres nas forças armadas, engenharia, comandantes de vôo, etc. Só no Clero que ainda temos dificuldades de conquistas. Isto é, são poucas as mulheres que chegaram ao comando da diocese como papisas. Portanto, sempre haverá preconceito para ambos os gêneros.

Blog – Você acha que ainda há preconceito com as mulheres que atuam na área do vinho?

Não. Até porque a mulher tem mais habilidade em distinguir sabores, olfatos e cores.  Conheço várias enólogas e sommelieres. Até proprietárias de vinícolas.

Blog – Vamos ter a primeira brasileira presidente da Organização Mundial da Uva e do Vinho (OIV), a Regina Vanderlinde, que exercerá um mandato de 2 anos em tão importante instituição. Sem dúvidas uma conquista do Brasil e também das mulheres. Você considera que essa escolha tenha um significado especial?

Competência e reconhecimento é esse o significado.

Blog – Quais foram as principais conquistas da Confraria Amigas do Vinho nesses 15 anos de estrada?

A maior conquista? Foi manter-se fora do interesse comercial e conquistar uma turma de 10.000 mulheres com o mesmo objetivo: degustar vinhos de maneira lúdica e sem compromisso.

Blog – O que você espera da Confraria Amigas do Vinho para os próximos 15 anos?

Que se mantenha sempre focada nos seus objetivos e não se envergue diante da vontade alheia. “Porque no céu cabem todas as estrelas”.

Para se tornar uma “Amiga do Vinho”, basta ter 18 anos anos e real interesse por vinhos. Os contatos devem ser feitos pelo e-mail: amigasdovinho@uol.com.br.

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Quem Sou

Sou jornalista especialista em vinhos e em comunicação digital. Sou sommelier Fisar e diretora da Associação Brasileira de Sommeliers do DF. Possuo qualificação Nível 3 (Wine Spirit Education Trust) e o Intermediário do ISG. Também tenho certificado em vinhos franceses (FWS) e vinhos californianos (CWAS).

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