Renomado crítico de vinhos reconhece qualidade de espumantes brasileiros

Steven Spurrier no Brasil
O renomado crítico de vinhos Steven Spurrier acredita no potencial do Brasil para produzir e exportar bons espumantes (Foto: Ibravin/Janice Prado)

“Brasileiro não precisa de champanhe. O Brasil tem seus próprios espumantes para beber”, disse o renomado crítico de vinhos britânico Steven Spurrier ao participar, em São Paulo, do Panorama dos Espumantes do Hemisfério Sul, realizado pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), no último dia 25 de abril. (Para quem não sabe, Spurrier, que é também editor da revista inglesa Decanter, ficou conhecido mundialmente por ter promovido uma degustação às cegas na França, em 1976, em que vinhos californianos desbancaram vinhos de Bordeaux e de Borgonha. Esse evento ficou conhecido como “O Julgamento de Paris”).

Em sua vinda ao Brasil, Spurrier coordenou uma degustação às cegas, segmentada por país, que contou com 21 amostras de espumantes do Brasil, Argentina, Chile, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia. A escolha dos espumantes brasileiros para participarem do evento ficou a critério do próprio Steven Spurrier. Já os produtos dos demais países foram indicados pelas respectivas associações de representação internacional (os “Wines of”) de cada país, tendo como critério de seleção os rótulos disponíveis no mercado de São Paulo (ver lista abaixo).

Spurrier também fez um painel sobre a situação dos espumantes no mundo e uma especial  avaliação sobre a produção brasileira. “O sucesso que o champanhe fez no passado não é garantia de que fará no futuro. Ao exigir a denominação e restringir o acesso, estão sendo abertas portas para espumantes de outros países e o Brasil tem um potencial enorme nesse sentido”, destacou o britânico.

Júri
Júri do Panorama dos Espumantes do Hemisfério Sul (Foto: Ibravin/Janice Prado)

Degustação – Segundo os organizadores do evento, a intenção não foi a de repetir o clássico “Julgamento de Paris” ou sequer fazer o “Julgamento de São Paulo”. O objetivo, segundo Spurrier, foi o de fazer com que os participantes imergissem na diversidade de características dos países produtores em questão. Entretanto, os 11 juízes que participaram da degustação escolheram os três que mais gostaram. Na contabilização das preferências dos jurados, o Brasil ficou com duas, das três amostras indicadas pelo grupo no método Tradicional e no método Charmat. O outro país que obteve a preferência com uma amostra em cada categoria foi a Nova Zelândia.

Ibravin e Steven Spurrier
Steven Spurrier – “A ideia foi fazer com que os participantes do evento imergissem na diversidade de características dos países produtores em questão”. (Foto:Ibravin/Janice Prado)

No método tradicional, o brasileiro Miolo Millesime, da Miolo Wine Groups, foi o mais votado, seguido do Cave Geisse Blanc de Blanc, da Vinícola Geisse e do Miru Miru da Neozelandesa Hunter’s Wines. No Charmat, os rótulos brasileiros com mais indicações foram o Giacomin Brut, da Vinícola Giacomin, e o Cordelier Brut, da Fante Indústria de Bebidas. O neozelandês foi o Sparkling Brut Sileni, da Sileni State, que foi o preferido dos avaliadores nessa categoria.

“A degustação foi fascinante. Fiquei impressionado com a qualidade dos espumantes brasileiros, com os comentários dos jurados e com a riqueza de detalhes com que foram apresentados. O resultado, com mais de 50% das preferências para os produtos do Brasil, comprova essa qualidade”, concluiu Spurrier.

Componentes do júri
Steven Spurrier – Editor da Decanter Magazine
Dirceu Vianna Júnior – Primeiro brasileiro Master of Wine
Dirceu Patrício Tápia – Editor do Guia Descorchados
Mauro Zanus – Chefe Geral da Embrapa Uva e Vinho
Roberto Rabacchino – Presidente da Associação da Imprensa da indústria Agroalimentar Italiana
Diego Arrebola – Melhor Sommelier do Brasil, pelo Concurso Nacional da Associação Brasileira de Sommeliers
Suzana Barelli – Editora da Revista Menú
Christian Burgos – Editor da Revista Adega
Marcelo Copello – Diretor da Baco Multimídia
Horst Kissmann – Editor de vinhos da Revista Prazeres da Mesa
Eduardo Viotti – Editor da Revista Vinho Magazine

Amostras degustadas – método Charmat (preço aproximado)

Argentina Norton Extra Brut Bodegas Norton Chardonnay e Chenin Blan R$ 47,00
Argentina Trivento Brut Trivento Chenin e Chardonnay R$ 35,00
Argentina Altas Cumbres Brut Bodega Lagarde Chardonnay, Pinot Noir e Semillon R$ 35,20
Brasil Chandon Reserve Brut Chandon Riesling Itálico, Chardonnay e Pinot Noir R$ 74,00
Brasil Giacomin brut Giacomin Riesling Itálico R$ 23,00
Brasil Cordelier brut Fante Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico R$ 35,00
Chile Santa Carolina Brut Viña Santa Carolina Chardonnay R$ 28,84
Chile Concha Y Toro Brut Charmat Concha Y Toro Chardonnay e Chenin Blan R$ 35,00
Chile Santa Helena Premium Brut Viña Santa Helena Chardonnay, Pinot Noir e Sauvignon Blanc R$ 29,90
Nova Zelândia Sparkling Brut Sileni Sileni Estate Chardonnay R$ 101,90
África do Sul Nederburg Cuvée Brut Nederburg Cape Riesling, Chardonnay, Chenin Blanc e Colombar R$ 39,95

Amostras degustadas – Método Champenoise

Argentina Luigi Bosca brut Nature Luigi Bosca Chardonnay e Pinot R$ 118,46
Argentina Kaiken Sparkling Brut Kaiken Pinot Noir e Chardonnay R$ 110,78
Argentina Trapiche Brut Bodegas Trapiche Chardonnay, Semillon e Malbec R$ 49,90- Australia Angas Brut Chardonnay e Pinot R$ 78,00

Brasil Miolo Millesime Miolo Chardonnay e Pinot Noir R$ 90,00
Brasil Casa Valduga 130 Casa Valduga Pinot Noir e Chardonnay R$ 80,00
Brasil Cave Geisse Blanc de Blanc Geisse Chardonnay R$ 85,00
Chile Tarapacá Tradicional Brut Vinã Tarapacá Chardonnay R$ 97,67
Nova Zelândia Miru Miru Hunter’s Wines Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier R$ 116,93
África do Sul Twee Jonge Gezellen Kron Borealis Cuvée Brut 2007 Krone Chardonnay e Pinot Noir R$ 118,77

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Quem Sou

Sou jornalista especialista em vinhos e em comunicação digital. Sou sommelier Fisar e diretora da Associação Brasileira de Sommeliers do DF. Possuo qualificação Nível 3 (Wine Spirit Education Trust) e o Intermediário do ISG. Também tenho certificado em vinhos franceses (FWS) e vinhos californianos (CWAS).

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