Vinhos Tokaji: únicos e incomparáveis. Você conhece?

Tokaji: uma "bebida dos deuses"
Tokaji: uma “bebida dos deuses”

Você já expirimentou os vinhos Tokaji (pronuncia-se “Tocai”)? Se não provou ainda, está na hora de beber essa “bebida dos deuses” e ter essa experiência inesquecível com esse vinho de sobremesa único e incomparável. Na verdade, os vinhos Tokaji são considerados um dos melhores vinhos do mundo.  São tão bons que mereceram citação no próprio hino nacional da Hungria, local onde são produzidos, na região de Tokaj-Gegyalja que cobre também uma pequena extensão da Eslováquia.

Um pouco de história

As evidências mostram que a tradição de produção dos vinhos Tokaji tem mais de mil anos, mas a Hungria viveu um difícil período de pós-guerra, na segunda metade do século 20, época que produção de vinhos Tokaji ficou praticamente estagnada. Após a queda do regime comunista no país, em 1989, algumas vinícolas húngaras decidiram resgatar o Tokaji da obscuridade.

Produção

tokaji: os bagos botritizados, chamados de aszú em húngaro, adquirem características únicas especiais, como aromas específicos e um incrível equilíbrio entre doçura e acidez.

Na época do outono, a combinação entre a névoa da manhã e as tardes de sol cria as condições perfeitas para a produção do vinho, devido a chamada “podridão nobre”. Na verdade, é o momento que o fungo Botrytis Cinerea ataca as uvas, perfurando sua pele e os frutos exalam água e murcham, atingindo níveis de concentração extrema de açúcar. Estes bagos botritizados, chamados de aszú em húngaro, adquirem características únicas especiais, como aromas específicos e um incrível equilíbrio entre doçura e acidez.

Os estilos de vinho de Tokaj podem ser resumidos da seguinte forma:

Száraz, vinhos secos produzidos a partir de uvas não afetadas pelo fungo Botrytis cinerea.

Szamorodni, vinhos de colheita tardia, feitos a partir de uvas parcialmente botritizadas. Podem ser secos (Száraz Szamorodni), com uma picante acidez, ou doces (Édes Szamorodni), harmônicos e elegantes.

Aszú, vinhos produzidos com uvas botritizadas, colhidas e selecionadas individualmente (Tokaji Aszú, Tokaji Eszencia, Fordítás, Máslás). Aszú é o estilo responsável pela fama da região de Tokaj, com um método de vinificação totalmente original, que adiciona uvas com elevado grau de podridão nobre ao vinho de base, e um amadurecimento mínimo de 3 anos em barril.

Os vinhos Aszú recebem, ainda, uma classificação numérica de acordo com a quantidade de açúcar residual (ou seja, não fermentado):

Os vinhos Aszú recebem, ainda, uma classificação numérica de acordo com a quantidade de açúcar residual

Aszú 3 Puttonyos – 60 a 90 g de açúcar residual por litro

Aszú 4 Puttonyos – 90 a 120 g de açúcar residual por litro

Aszú 5 Puttonyos – 120 a 150 g de açúcar residual por litro

Aszú 6 Puttonyos – 150 a 180 g de açúcar residual por litro

Aszú Eszencia – 180 a 450 g de açúcar residual por litro

Tokaji Eszencia – 450 a 850 g de açúcar residual por litro, mais doce e mais concentrado que o mel, com uma extrema persistência aromática.

Curiosidade

Puttonyo: cesto de madeira que se carrega nas costas com capacidade para 25kg de uvas botritizadas

A palavra Puttonyo diz respeito ao recipiente utilizado para a colheita de uvas botritizadas, um cesto de madeira que se carrega nas costas. Cada Puttonyo contém cerca de 25 kg de uvas, e o número refere-se à quantidade de Puttonyos para cada barril de 136 litros de vinho de base utilizado para fazer o produto.

Isto quer dizer que quanto maior a classificação, maior também será  concentração, a complexidade e o equilíbrio com um potencial marcante de envelhecimento.

O Tokaji Eszencia, é o de maior longevidade, e é considerado praticamente imortal, podendo ser armazenado por mais de dois séculos! Por esta razão, garrafas do século 18 e 19 são muito procuradas por colecionadores, sendo comercializadas por valores estratosféricos.

Para harmonizar essa delícia dos deuses, a dica são os queijos azuis ou sobremesas bem doces de modo geral.

 

 

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Quem Sou

Sou jornalista especialista em vinhos e em comunicação digital. Sou sommelier Fisar e diretora da Associação Brasileira de Sommeliers do DF. Possuo qualificação Nível 3 (Wine Spirit Education Trust) e o Intermediário do ISG. Também tenho certificado em vinhos franceses (FWS) e vinhos californianos (CWAS).

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