Chambourcin: a uva híbrida que dá bons vinhos

Os amantes de vinhos sabem que as uvas híbridas, derivadas do cruzamento de duas espécies diferentes de videiras, não costumam gozar de grande prestígio entre os apreciadores e críticos da bebida. Elas não são recomendadas para os chamados “vinhos finos”, sendo relegadas à categoria de “vinhos de mesa”. Mas você sabia que existe uma que tem rompido essa barreira? É a Chambourcin, uma variedade nascida somente em meados do século XX, e que tem ajudado a acabar com esse estigma de má qualidade que pesa sobre as híbridas. Isso graças a algumas cepas de uva de sucesso produzidas nos Estados Unidos.

Vitis Vinifera x Vitis Americana

Desenvolvida nos anos 50 pelo bioquímico Joannes Seyve no Vale do Loire (região localizada no norte da França) e comercializada apenas a partir de 1963, a Chambourcin é fruto do cruzamento de uma videira europeia “Vitis vinifera” – espécie presente na maior parte dos vinhos finos – com uma americana. É uma uva de cor bastante escura e agrupada em grandes cachos.

Embora tenha surgido na França, a plantação relevante no país fica confinada à região de Nantes, às margens do rio Loire, e seu hibridismo a posiciona no nível de “Vin de Table” na classificação francesa (atualmente designado como Vinho sem Indicação Geográfica), ou seja, bem abaixo da mais prestigiosa, a dos Appellation d’Origine Contrôlée (AOC). Saiba que a sua boa popularidade e reputação foram construídas longe do continente europeu.

A Chambourcin é uma variedade muito resistente a doenças fúngicas, adaptando-se bem a regiões úmidas e também ao frio, sendo extensamente cultivada no centro oeste e leste dos Estados Unidos (em estados como Nova York, Missouri e Pensilvânia, por exemplo), no Canadá, na Nova Zelândia, além de ser o híbrido francês mais utilizado na Austrália.

Chambourcin: Vinho de cor escura e toques herbáceos

O vinho tinto produzido a partir da Chambourcin tem coloração escura vibrante, corpo médio e aromas herbáceos, de frutas vermelhas, pimenta, tabaco, entre outros. Como possui baixo tanino, seu sabor picante vem acompanhado de sensação de suavidade. A acidez muito presente nessa variedade de uva é mais ou menos retida no vinho de acordo com a forma de envelhecimento e o clima local. É recomendável que ele seja servido à temperatura ambiente para valorizar ao máximo o paladar.

É possível encontrar essa uva híbrida em vinhos varietais (elaborados a partir de uma única casta) ou em cortes (que misturam uvas). E embora seja predominantemente utilizada na fabricação de vinhos tintos, também há produtores que a adotam para rosados e espumantes.

Algumas características dos vinhos tintos produzidos a partir de Chambourcin:

  • Cor vermelho vibrante
  • Baixos taninos (com um sabor suave)
  • Aroma herbáceo e de frutas vermelhas são os mais comuns
  • Sabor picante
  • Mais prestigiada fora da Europa, especialmente nos Estados Unidos e na Austrália

E você, já teve a oportunidade de degustar um vinho com essa variedade de uva híbrida? O que achou? Comente aqui!

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Quem Sou

Sou jornalista especialista em vinhos e em comunicação digital. Sou sommelier Fisar e diretora da Associação Brasileira de Sommeliers do DF. Possuo qualificação Nível 3 (Wine Spirit Education Trust) e o Intermediário do ISG. Também tenho certificado em vinhos franceses (FWS) e vinhos californianos (CWAS).

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