Primitivo: conheça a uva “queridinha” dos brasileiros

Uva Primitivo, casta típica da região da Puglia, na Itália (FOTO: Reprodução)

Você já ouviu falar da uva Primitivo? Trata-se de uma casta que vem conquistando muito o prestígio entre os enófilos brasileiros. A sua boa aceitação deve-se ao fato dela resultar em vinhos frutados, bastante concentrados e final de boca mais doce, com características de paladar similares a de outros rótulos bastante consumidos no país.

A uva Primitivo é tradicional na região da Puglia, no sul da Itália. Embora seja esta a origem reconhecida da casta, há quem sustente a versão de que suas raízes estão na Croácia, país da Europa Oriental que encontra-se separado da Itália pelo mar Adriático. A similaridade genética com a vitis vinífera croata Tribidrag é que faz com que se suspeite dessa possibilidade. Também há controvérsias sobre o período em que a Primitivo começou a ser cultivada, se no século XIV ou somente mais tarde, no século XVII. 

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AS CARACTERÍSTICAS DA UVA PRIMITIVO 

Em primeiro lugar, saiba que a denominação “Primitivo” remete a uma característica peculiar desta casta de uva: o seu precoce amadurecimento na videira. Essa rápida maturação faz com que fruta já esteja apta a ser colhida em agosto Europa. Portanto, bem antes do que acontece com outras variedades tintas, que ficam “prontas” em meados de outubro. 

No entanto, há produtores que optam por fazer a colheita posteriormente, aguardando um grau maior de maturação. É um fator que acaba por influenciar nas características do vinho. Porém, se a retirada das uvas da videira for muito tardio, pode haver perda de acidez e comprometimento da qualidade da bebida. 

Essa maturação “adiantada” leva a um aumento do açúcar residual da uva em sua polpa, proporcionando vinhos de alto teor alcoólico e mais doces. Assim, os rótulos produzidos a partir da Primitivo são densos, encorpados e de aroma frutado. A sua coloração é forte, vibrante. São elementos típicos do cultivo em regiões mais quentes, o que explica a sua aceitação no Brasil. 

É importante ressaltar que a Primitivo permite a produção de uma gama variada de vinhos. Os tintos são os mais conhecidos, ainda que também haja rosés e brancos. 

PRIMITIVO DE SALENTO 

Vinhedo na região da Puglia, na Itália (FOTO: Reprodução)

Como mencionado no início do texto, a uva Primitivo é típica da Puglia, no sul da Itália. No sudeste dessa região é feito o cultivo da Primitivo Del Salento, uma IGT (Indicazione Geografica Típica). Essa é uma das classificações oficiais do governo italiano para a produção de vinho. Com uma área de produção de 180km, passando por três províncias (Brindisi, Lecce e Taranto), ela tem a predominância de clima quente e seco

Essa condição, com a maturação precoce da uva, proporciona vinhos com notas de frutas vermelhas e negras, além de aroma e sabor bem marcantes. 

PRIMITIVO DI MANDURIA 

Os vinhos mais famosos e conceituados feitos a partir dessa uva estão na área do DOC Primitivo di Manduria. A rígida sigla para Denominação de Origem Controlada define que apenas a bebida produzida na cidade de Manduria e suas cercanias pode ter essa referência no rótulo. Esse DOC foi estabelecido em 1974, sendo um dos mais antigos da Itália 

O DOC Primitivo de Manduria está ao leste da cidade de Taranto e estende-se até a Vila de Francavilla Fontana, ao norte da região. Assim como na Primitivo de Salento, o clima é quente e seco. As videiras se desenvolvem em solos de características variadas – vulcânicos, calcários ou negros. Os seus vinhos são encorpados e de paladar agradável. 

Na Manduria também há o Primitivo Di Manduria Dolce Naturale, que resulta em um vinho mais doce, como o próprio nome sugere. 

Zinfandel, a uva gêmea da Primitivo

Uva Zinfandel, cultivada na Califórnia (FOTO: Reprodução)

Na Califórnia, há uma casta de uva que é tida como da mesma variedade da Primitivo. A Zinfandel, um símbolo da vinicultura no estado americano, tem características genéticas muito similares à da uva do sul italiano. Segundo os relatos históricos, mudas dessa videira foram levadas para os Estados Unidos no século XIX e se adaptaram facilmente nessa região do oeste. Em especial porque o clima mostrou-se favorável ao seu cultivo.  

Por um longo tempo, acreditou-se que a casta fosse originária da Califórnia. Todavia, essa versão perdeu força em 1994. Após uma série de estudos levados a cabo pela Universidade da Califórnia, foi feita a comparação do sequenciamento genético entre as cepas de Primitivo e Zinfandel. A conclusão foi de que as diferenças no DNA das castas eram sutis demais. Isso permite considerá-las da mesma variedade. 

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Quem Sou

Sou jornalista especialista em vinhos e em comunicação digital. Sou sommelier Fisar e diretora da Associação Brasileira de Sommeliers do DF. Possuo qualificação Nível 3 (Wine Spirit Education Trust) e o Intermediário do ISG. Também tenho certificado em vinhos franceses (FWS) e vinhos californianos (CWAS).

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