Vinho inglês está em desvantagem, apesar da do aumento das temperaturas

Retro-Style-UK-British-font-b-Flag-b-font-font-b-Wine-b-font-Bottle-Box O Reino Unido é o segundo maior importador mundial de vinho. Com US$ 5 bilhões em importações em 2014, ele foi superado apenas pelos EUA, que importaram vinhos no valor total de US$ 5,6 bilhões. A participação do Reino Unido nas importações de vinho no mundo inteiro em 2014 foi de 14,2 por cento.

Quando se trata de produção de vinho, por outro lado, o Reino Unido está no final das tabelas. Com uma produção de 2014 estimada em 4.400 toneladas, ele ocupa apenas o 56º lugar na lista dos maiores produtores de vinho do mundo, atrás do Egito.

Ultimamente, porém, tem havido algum otimismo em relação ao futuro da produção de vinho no Reino Unido. Devido ao aquecimento global, as condições para o crescimento de vinhas no Reino Unido têm melhorado. Na última década, a área utilizada para cultivo de videiras aumentou em 148 por cento, para 1.884 hectares.

Os produtores do Reino Unido apontam que a sua produção é de excelente qualidade, especialmente quando se trata de vinhos espumantes. Eles destacam o fato de que um vinho inglês ganhou uma medalha de ouro em 2007 na competição mais conhecida do mundo de vinhos espumantes, a “Effervescents du Monde”, realizada anualmente na França.

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Colinas do Wine Estate de Denbies, Inglaterra (Denbies Wine Estate Instagram)
No entanto, um exame mais detalhado das medalhas de ouro conferidas no concurso acima mencionado durante o período de 2003-15 não ratifica essa afirmação. Os vinhos do Reino Unido ganharam apenas duas medalhas de ouro durante esse período, em 2007 e 2012, em comparação com 244 medalhas de ouro conferidas à França, 42 à Itália, 31 à Espanha e 25 ao Brasil (ver gráfico).

Um novo estudo da Universidade de East Anglia agora lança alguma luz sobre por que ainda é difícil cultivar vinho no Reino Unido, apesar do aumento das temperaturas médias. De fato, elas têm se mantido acima de 13 graus Celsius desde 1993, o limite mínimo considerado necessário para a produção de vinho de qualidade. Além disso, por 10 anos desde 1989 as temperaturas médias foram de 14 graus ou mais, o que é comparável a temperaturas na região de Champagne, na França, no período de 1960-80 (depois de 1980, elas começaram a aumentar).

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Um longo caminho a ser percorrido pelos vinhos ingleses (Chart:Eatglobe/Effervescents du Monde)
No entanto, como o estudo aponta, condições climáticas adversas de curto prazo como quedas de temperatura, geadas e chuvas repentinas prejudicam os altos rendimentos e a produção de vinhos inglesas de alta qualidade. As temperaturas mais quentes em abril tornam as uvas ainda mais vulneráveis aos eventos de clima frio e à maior precipitação em maio e junho, pois as vinhas são atingidas quando começam a florescer.

As vulnerabilidades ainda são agravadas pelo uso das variedades de uva Chardonnay e Pinot Noir para produzir vinho espumante. Enquanto essas são as variedades utilizadas nos vinhos espumantes franceses, que os produtores ingleses querem imitar, elas são especialmente sensíveis a eventos de clima frio.

Como, juntamente com o aquecimento global, os eventos climáticos extremos são vistos como uma parte da mudança climática em curso, estas são notícias preocupantes para os produtores de vinho ingleses.

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Colheitadeira no Wine Estate de Denbies, Inglaterra
Fonte: eatglobe.pt
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Quem Sou

Sou jornalista especialista em vinhos e em comunicação digital. Sou sommelier Fisar e diretora da Associação Brasileira de Sommeliers do DF. Possuo qualificação Nível 3 (Wine Spirit Education Trust) e o Intermediário do ISG. Também tenho certificado em vinhos franceses (FWS) e vinhos californianos (CWAS).

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